Dom Demétrio Valentini 31/08/13
Neste domingo entramos na Semana da Pátria,
neste ano de 2013.
Desta vez, emerge com mais evidência o
valor cívico de uma iniciativa, que vem se sustentando ao longo dos últimos 19
anos. Trata-se do “Grito dos Excluídos”. Ele surgiu em 1995, ano em que a
Campanha da Fraternidade era, exatamente, sobre os Excluídos.
Esta circunstância mostra bem uma das
características do “Grito dos Excluídos”,
de ter sua realização sintonizada com o contexto histórico de cada ano.
Pois bem, neste ano, o Grito confirma seu
significado e sua importância, colocado no contexto das surpreendentes
manifestações populares, que abalaram o país, e deixaram perplexa a sociedade.
O “Grito dos Excluídos” se apresenta com a firmeza de sua experiência, e com o
acerto de suas intuições, que o
acompanham desde a sua primeira realização.
Quando a sociedade se surpreende diante
do peso que pode assumir a manifestação
pública de suas demandas e a afirmação clara de valores e princípios que
precisam animá-la, o Grito pode apresentar o seu atestado de maturidade, fruto
de uma longa sequência de edições anuais ininterruptas, com a clareza das
causas levantadas, e com o rigor dos procedimentos democráticos que sempre
caracterizaram o Grito.
Ele foi circundado, desde o seu início, de
providências que lhe foram angariando credibilidade, sobretudo pelo cuidado em
respeitar as instituições e em evitar ambiguidades, sempre pautando suas
demonstrações com temas pertinentes e com atitudes democráticas.
Tendo como referências uma data
histórica, o Sete de Setembro, e um lugar simbólico, o Santuário Nacional de
Aparecida, o Grito sempre procurou equacionar bem o seu espírito unitário, e ao
mesmo tempo sua estratégia de descentralização.
A manifestação de Aparecida é paradigmática, incentivando outras
manifestações, em milhares de localidades, em todos os Estados do País.
Outra circunstância, que fortalece seu
espírito e ilumina o seu alcance, é o fato de ser realizado em parceria com a
Romaria dos Trabalhadoras e Trabalhadores, que acontece também no mesmo dia e
no mesmo lugar.
Com estas características, foi-se elaborando uma espécie de “teologia do grito”, que foi aglutinando em torno dele um leque de valores com que sempre ele é
preparado, com a escolha democrática do seu lema, e com o empenho solidário que
supera a falta de recursos e multiplica as adesões gratuitas em organizar suas
manifestações simbólicas.
De tal maneira que o Grito se tornou um
evento que transformou a praxe com que era festejado o Sete de Setembro, que já
tinha se esvaziado de suas finalidades. O Grito veio devolver à cidadania a
promoção do Dia da Pátria.
A
idéia do Grito nasceu muito despretensiosa. Foi numa reunião do Secretariado
Nacional da Cáritas. Estávamos buscando iniciativas para dar continuidade ao
tema da Campanha da Fraternidade. Como já existisse, na época, o “grito da
terra” e o “grito da Amazônia”, alguém sugeriu fazer também o “grito dos
excluídos”.
O que parecia uma sugestão inconsistente,
aos poucos foi sendo aceita, pela fecundidade de simbologias que o “Grito dos
Excluídos” poderia ter.
Para que continuasse, era preciso tomar
uma rápida providência: inserir o “Grito dos Excluídos” na programação oficial
da CNBB. Esta providência foi garantida já no ano seguinte.
Aquilo que para alguns parecia
incômodo, agora se constata que foi muito providencial. A CNBB pode oferecer à
sociedade uma maneira democrática, responsável e providencial de “gritar” as
causas urgentes que precisamos assumir, como Pátria onde todos podem se sentir
incluídos.
Viva o Grito dos Excluídos!
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